quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Jake - Quando Tudo Acaba


Como agendado ontem, hoje a última e finalíssima parte de Jake! Para você que não conhecem a história leia a PARTE 1 e PARTE 2, caso contrário, não irá entender o contexto deste texto.

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"O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela."
...


Os extremistas então começam a se separar pelo avião, Mohamed fica na segunda classe, justamente onde Jake estava, ele caminha lentamente pelo corredor observando as expressões amedrontadas dos passageiros.

O jovem Castellan não acreditando em como aquele dia estava sendo diferente dos seus sonhos, estava com a cabeça inclinada para cima com as mãos no rosto. Mohamed para e fica olhando para ele, e vê a sua camisa da Madonna que estava um pedaço a mostra embaixo da blusa, ele dá um cutucão em Jake e pergunta:

- Você gosta da Madonna? – Jake respira fundo para não dizer alguma besteira, já que aquela pergunta era extremamente boba. Então ele diz:

- Sou sim, algum problema?

- Nenhum, eu também gosto muito dela, principalmente da música Like a Virgin, like a virgin, touched for the very first time, like a virgin, when your heart beats

- Já entendi! – o interrompeu Jake.

- Hunft! Povo mais mal educado, merece morrer a serviço de Alá! – saiu murmurando o terrorista.

Enquanto isso na cabine do piloto, os terroristas o dominavam e deram o aviso a torre de comando sobre a tomada do avião. Todos os jornais estavam reportando a última notícia: terroristas tomam avião e ameaçam jogá-lo no pentágono.

E na cidade natal de Jake, a polícia procurava pistas de seu desaparecimento, o que acabaram por levá-lo até o aterro sanitário. Porém os seus rastros sumiram o que levou a polícia deduzir que Jake teria sido morto e jogado no lixo, que por sua vez fora queimado. Com isso a família Castellan entra em estado de luto em plena Páscoa, antecedendo o seu anual churrasco de peixe.

Já no avião, ouviu-se alguns gritos da primeira classe, logo Mohamed foi conferir o que era, porém quem sai daquele bloco é um homem alto, semi barbeado, vestido elegantemente com uma pistola na mão, era um rosto familiar, então ele disse:

- Não se preocupem, eu sou agente da AIC, Agência de Inteligência Continental, estou atrás desses terroristas há dois anos. Meu nome é... - Ele então virou o rosto para a direita, foi quando Jake reconheceu o rosto, era Bonder, o lixeiro.

- James Bonder! – gritou Jake do fundo do avião.

- Exato, Jake – respondeu o ex-agente secreto.

- Você rendeu o terrorista da cabine, Sr. Agente da AIC? – perguntou um senhor ironicamente.

- Há um terrorista lá? – perguntou surpreendentemente James.

- Oh meu Deus! – gritou uma passageira – Estamos perdidos!

- Acalmem se todos, irei prendê-lo agora mesmo.

Então a autoridade competente foi até a cabine, e por um longo período houve silêncio no avião, quando pode se ouvir:

- Afaste-se, caso contrário eu atiro!

- Mais um passo e ele morre!

- Viva Alá!

Há barulhos de tiro, então a porta do piloto abre-se e Bonder sai desesperado perguntando:

- Alguém sabe pilotar esse avião? Alguém? – não houve nenhuma resposta, até que Jake disse:

- Bom, eu tenho uma grande experiência no Flight Simulator, tenho uma noção básica dos comandos.

- Ótimo, alguém tem um nível maior em um jogo do que esse garoto? – perguntou ironicamente o agente – Não? Então venha comigo garoto.

Os dois que já se conheciam então se dirigiram a cabine do piloto, onde Jake viu três mortos, a cabine estava totalmente suja de sangue, e nos painéis era facilmente identificar que o piloto automático estava ligado.

- Olha! O piloto automático está ligado, não há com o que se preocupar – disse Jake sorrindo em meio a todo aquele sangue.

- Olha, aquele aeroporto ali na frente é o que nós precisamos aterrissar – apontou Bonder a uma pequena  faixa cinza ao horizonte.

- O quê? E você quer que eu aterrisse um avião com 500 pessoas? – perguntou Jake boquiaberto.

- Foi para isso que eu o trouxe aqui, ou achou que apenas iria apreciar a vista?

- Esperava pelo menos ter o co-piloto aqui para me ajudar.

- Se o co-piloto estivesse aqui, talvez eu estivesse mais calmo! – retrucou Bonder, agora quase gritando.

- Acalme-se, eu vou tentar fazer o melhor, caso erre nós estaremos servindo a Alá – disse Jake, agora brincando com sua própria morte.

O jovem desligou o piloto automático, e pegou o manje, agora a Boing 445 estava perdendo altitude. Castellan usava os comandos como se fosse um jogo virtual, em seu rosto havia um enorme sorriso, mas não escondia o suor que corria em sua testa devido a tensão da situação. Pelo menor erro que fosse ele poderia morrer, ou pior, matar 500 pessoas.

A tensão estava estampada no rosto de todos os passageiros do vôo, o silêncio era quase mortal, era apenas possível ouvir choros, o avião estava a 30 minutos no ar, mas foi a pior meia hora de muita gente. Então um aviso quebrou o silêncio, era James avisando sobre a aterrissagem, ele discursou heroicamente:

- Caros passageiros do vôo 445, estamos agora entrando nos últimos procedimentos de aterrissagem, por isso peço que coloquem o cinto e orem, orem para que tudo dê certo, já que falhei com meu trabalho, deveria ter interceptado os terroristas, mas apenas causei mais problemas. Por isso fechem os olhos e olhem para o céu, reflitam sobre suas vidas, este pode ser os nossos últimos minutos de vida. Não podemos escolher quando vamos morrer, nem como, mas podemos escolher como vamos viver. Boa sorte a todos, que Deus nos abençoe!

Os sons agora eram de preces, de pedidos de perdão e o melancólico barulho das turbinas. Jake mostrava toda a sua habilidade que aprendera com os jogos, cujos qual sua mãe sempre dizia ser inúteis.

- Bonder, posso lhe dizer uma coisa? – perguntou Jake.

- Aproveite enquanto há tempo – respondeu James.

- Eu fugi de casa para tentar ver a Madonna, mas acabou saindo tudo errado e os policiais acham que eu estou desaparecido, e para finalizar o meu plano “genial”, agora eu estou no comando de um Boing com 500 pessoas que estão deixando suas vidas em minhas mãos. Não me arrependo de ter feito isso, muito pelo contrário, foi um dos dias mais divertidos da minha vida, mesmo que eu morra no final, eu finalmente vivi a minha vida, não deixei as pessoas me oprimirem, corri atrás dos meus sonhos, finalmente me senti alguém no mundo.

- Sei como se sente, mas no meu caso, encontrei na AIC um modo de viver, sem barreiras, sem limites, sem opressão.

- Nunca havia pensando que viver sem medo pudesse ser tão bom, mas agora com sinceridade, acha que vamos sair dessa? – disse o jovem.

- Eu acredito em você, pelo tempo que passei hoje com você, seu potencial é muito alto, se continuarmos vivos, estou pensando seriamente em te indicar a AIC.

- Mesmo? – perguntou Castellan com brilho nos olhos.

- É claro, agora se concentre, o aeroporto está muito próximo.

- Claro, diminuindo velocidade, é agora ou nunca – disse o jovem atento as luzes do painel.

O avião estava a poucos quilômetros do aeroporto, não era o ponto em que Jake queria chegar, mas ainda estar vivo naquelas condições, já era um fato considerável. O trem de pouso já estava ativado e alinhado a pista, a aceleração do avião já era baixo e cada vez mais próximo do chão. A transpiração era inevitável agora, em alguns segundos haveria o contato com o solo.

Finalmente o avião entra em contato com o solo, o barulho é amedrontador, o tempo agora está mais lento e a vida passa mediante aos olhos de cada passageiro. Na cabine Jake se esforça o máximo para desacelerar o avião, mas aparentemente ele não vai conseguir, o fim da pista se aproxima, mas o avião continua a andar.

E continua, passa pelo fim da pista até que para a poucos metros da barreira de contenção. Um grande alívio então se dá e o comunicado é anunciado:

- Caros passageiros, gostaria de dar lhes a notícia de que a aterrissagem foi um completo sucesso, isso graças ao nosso voluntário, Jake Castellan, que conduziu bravamente o avião até o aeroporto. Saídas pela porta de emergência no final dos corredores. E para finalizar, obrigado por terem escolhido o vôo AIC 445! – disse agora com um tom mais descontraído, o agente da AIC.

- Você conseguiu garoto! Eu disse que ia conseguir! – gritava Bonder na cabine.

- É, eu consegui, mas não sozinho, caso contrário eu estaria indo morrer no Pentágono – suspirou Jake.

- Vendo por esse lado, nós merecemos os créditos – brincou James.

- Pena que eu não consegui ver a Madonna, caso contrário a dia teria e seria o melhor dia da minha vida até o final dos tempos.

- Tudo tem seu tempo garoto, nesse momento você precisa mesmo é ligar para a sua mãe e contar como você veio parar do outro lado do país.

- Nossa, estava quase esquecendo! – disse Jake imaginando o queria teria que enfrentar.

- Mas o importante é que tudo acabou bem...

...

Depois de passar duas semanas internado, o jovem Castellan retornou para casa onde teve que explicar como não estava morto, como dizia a perícia policial. Depois recebeu uma medalha de honra ao mérito pela própria Madonna.

Bonder virou diretor da AIC, ficou milionário e pode criar a sua fábrica de super cola cuja qual batizou de Super Bonder. Dois anos depois de ter se tornado diretor, indicou Jake para entrar para a Agência, o fã da Madonna teve aceitação automática.

Quanto aos extremistas, eles não tiveram virgens no paraíso como disse Alá, ou seria Mohamed.

20 anos depois...

Jake se tornou diretor da AIC, mas mudou do nome para AIMXXI, Agência de Inteligência da Madonna do século XXI. E mesmo depois de ter sido eleito o melhor agente do mundo por 18 vezes ele ainda tem a medalha de honra ao mérito.




The End...

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